quarta-feira, 26 de outubro de 2016

FAMÍLIAS DE EX-COMBATENTES GUARDAM " RELÍQUIAS" DA REVOLUÇÃO DE 1932


Parentes de Aristeu Valente, que morreu nas trincheiras, relembram fatos.
Neto de soldado conserva medalha há 35 anos como memória do avô.

Claudia Assencio
Do G1 Piracicaba e Região

Objetos usados por Aristeu Valente durante a Revolução de 1932 e foto do voluntário (Foto: Osnei Restio)


Familiares de ex-combatentes da Revolução Constitucionalista de 1932 guardam lembranças e "relíquias", como medalhas, fotos e outros objetos daqueles que lutaram em um dos maiores conflitos armados da história do Brasil. Um dos voluntários levava a coragem no nome. Aristeu Valente, de Nova Odessa (SP), foi o único dos 13 soldados da cidade que morreu em combate.

Maria Célia Dias Blanco, de 60 anos, é sobrinha de Aristeu. Ele morreu aos 23 anos, no dia 18 de agosto de 1932. "Eu era muito pequena quando minha mãe, Theresina Valente Dias, nos contava o que aconteceu com ele", comentou.

"Eu tinha apenas cinco anos quando ouvi as primeiras histórias, lembradas pelos familiares, de que meu tio foi vítima de uma emboscada durante a revolução. Ele morreu com um golpe de baioneta. Minha mãe conta que foi um padre quem retirou a faca do corpo dele", lembrou.

O soldado Valente pertencia ao batalhão 23 de Maio e foi morto em um morro existente na divisa de Águas de Lindóia (SP) e Monte Sião (MG). No local, onde outros combatentes também perderam a vida, existe um monumento.

Aristeu Valente morreu durante combate(Foto: Maria José Valente/Arquivo Pessoal)


A funcionária pública aposentada Maria José Valente Cordeiro, de 71 anos, também é sobrinha de Aristeu. Ela contou que a família guardou durante muitos anos objetos do tio, mas doou medalhas de condecoração, munições e o chapéu de ferro por ele utilizado durante o combate.

As "relíquias" foram entregues ao Centro Cultural Herman Jankovitz, que fica na Biblioteca de Nova Odessa (SP).

Mas a sobrinha do ex-combatente ainda guarda publicações de homenagem a Aristeu, como páginas de jornal e um livro de memórias da revolução editado pela Câmara. Valente foi sepultado primeiramente em Americana (SP), mas depois foi transferido para o Cemitério Municipal de Nova Odessa com todas as homenagens merecidas.


Outra história


O advogado José Reinaldo Zorzetto, de 55 anos, natural de Limeira (SP) e que atualmente reside em Piracicaba (SP), é neto de outro ex-combatente da revolução, José Fernandes Prado, que também lutou como voluntário aos 23 anos de idade. Mas Prado sobreviveu à batalha, constituiu ele também lutou como voluntário. Sobreviveu à batalha e constituiu família.

José Reinaldo Zorzetto guarda medalha recebida pelo avô (Foto: Claudia Assencio/G1)



Após a morte de Prado, Zorzetto guarda a medalha de condecoração desde quando era muito jovem. "Eu a levo comigo para onde for há mais de 35 anos. Ela é a única lembrança que tenho de meu querido avô materno", disse emocionado. O advogado lembra que, segundo contavam seus familiares, Prado viu muitos parceiros de luta morrer. "Ele dizia a minha avó que uma granada explodiu ao lado dele e matou um colega".

Revolução de 32
O golpe de estado que levou Getúlio Vargas ao poder fez com que o estado de São Paulo ficasse insatisfeito com o governo provisório. Os paulistas exigiam uma nova constituição e o estabelecimento de eleições para presidentes.

Como as reivindicações não foram atendidas, os paulistas começaram a se manifestar nas ruas contra o governo de Vargas. Em um desses protestos, em maio de 1932, uma reação policial provocou a morte de estudantes que militavam contra o governo, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais dos nomes (MMDC) se tornaram símbolo da revolução.

A REPORTAGEM DO G1 PODE SER CONFERIDA NO LINK:

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